Sábado, 19 de Setembro de 2020

AO FIM DE TANTOS ANOS AUSENTE, VOU VOLTAR / opinião 9

VOU VOLTAR MEUS AMIGOS / opinião 9

Saúdo quem, eventualmente, volta a ler-me.

Tenho andado afastado há já uns anos....e entretanto, houve muita transformação, o mundo mudou bastante. Há valores de cidadania e de humanismo que estão, aos poucos, a degradar-se, eventualmente a perder-se para sempre. Quem sabe? Hoje, não é muito fácil encontrar um "notícia boa"...mas, continua a haver, felizmente. Há MUITA GENTE BOA, com princípios e respeitadora dos VALORES FUNDAMENTAIS da vida, do respeito e da sã convivência...de todos por todos, com as suas naturais diferenças. Há um triângulo bem importante, onde o respeito, a compreensão, a tolerância - são, na minha opinião...claro! - fundamentais / ser humano, natureza e animais.

Gosto de ler, aprender, e respeito muito esse triângulo, porque o considero bem importante para a nossa estabilidade e futuro. Gosto muito de escrever sobre isso, deixando as minhas opiniões (repito / as minhas...mas respeitando atentamente as dos outros!).

É por isso que, ao fim de todos estes anos de ausência, em que cresci, ganhei experiência, conheci mais "mundo" e culturas - gente boa e gente menos boa - fiquei mais maduro, talvez mais compreensivo e respeitador das diferenças, talvez até mais humano......VOU VOLTAR MEUS AMIGOS!

Escreverei sobre os temas que realmente preocupam as pessoas que habitam este planeta, e estão realmente preocupadas / muito preocupadas. Mas, darei apenas a minha opinião, trazendo a este espaço de liberdade, os valores da minha sensatez  racionalidade. Respeitarei toda a gente, e espero ser, também, respeitado.

FIQUEM BEM, e RESPEITEM-SE / RESPEITANDO (talvez seja a melhor forma de o fazer).

Obrigado

Carlos Manuel

 

 

publicado por director às 12:19
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Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2013

UMA SOCIEDADE CONFUSA E QUE CONFUNDE | OPINIÃO 8

 

Ontem fui surpreendido com esta terrível notícia que me deixou muito abalado.

.......Uma criança de quatro anos morreu esta quinta-feira vítima da queda de um sétimo andar, no concelho do Seixal. O acidente ocorreu em Corroios. Apesar do rápido socorro, as tentativas de reanimação não resultaram....... o pai terá saído durante poucos minutos para comprar pão, deixando em casa a criança, que conseguiu abrir uma janela e acabou por cair. "Recebemos o alerta às 13h44 para uma criança de quatro anos que tinha caído de um sétimo andar. Os meios deslocaram-se de imediato, mas a criança acabou por morrer no local", disse fonte do CDOS de Setúbal.

No local estiveram os bombeiros do Seixal, com duas viaturas e quatro homens, a viatura médica de emergência e reanimação do Hospital de São Francisco Xavier e a PSP de Corroios.

Segundo a mesma fonte, o corpo da criança foi transportado para a morgue do Hospital Garcia de Orta, em Almada.

 

Não sei como reagir perante a dureza e crueldade deste texto, desta notícia, da "partida" de uma criança inocente. Sei que, infelizmente, o que aqui deixar escrito apenas traduzirá o meu estado de alma, a minha revolta pelo modelo de sociedade "sem futuro" e quase sem "valores" que estamos a construir. Nem sei o nome desta pobre criança que "partiu" cedo de mais, sem culpa e sem nada ter feito, conscientemente, para isso. Não tenho o direito de tecer quaisquer comentários ao facto de, momentâneamente | apenas alguns minutos, ter ficado sózinha em casa num 7º andar enquanto o pai - desempregado - fora comprar pão. Não sei o nome do Senhor. Não sei a importância que dava | ou não dava, a valores e atitudes que todos devemos conservar | garantir | preservar, para a nossa própria segurança e de todos os que nos rodeiam, estão próximos no coração e são, ou devem ser, o centro das nossas atenções. Não sei se o Senhor era, ou não, um pai bom ou mau. Não tenho o direito de, sequer, o questionar. Não sei ainda se era pessoa de pequena ou grande formação cultural. Isso agora não interessa para nada....! A querida e inocente criança, já "partiu" e nada mais há para fazer, a não ser administrativamente fazer-lhe o funeral, lamentar, ver lágrimas nos olhos de muitas pessoas (umas naturalmente sentidas, mas outras apenas de circunstância), protestos, acusações, palmadinhas nas costas, etc...etc....etc. Amanhã, ou daqui a alguns dias, tudo se esquecerá e a vida segue a sua vida, o seu curso normal, mas aquela criança já cá não está para sorrir, abrir os braços à vida, gritar como só as crianças gritam, dar alegria aos pais, à família, aos amigos, à própria sociedade. Esta sociedade que estamos a construir, "cheia de defeitos", sociedade de plástico, de ficção, de consumismo e coisas irreais em que se substituem "valores morais de sempre" por consolas e jogos multimédia, UMA SOCIEDADE SEM TEMPO NEM DISPOSIÇÃO, PARA VALORIZAR UMA FESTA, UM GESTO DE TERNURA E CARINHO...continua e continuará por cá, a fazer as suas vítimas inocentes. Continuará a estragar a vida e os valores de pessoas boas, sérias e que tiveram referências de vida corretas e adequadas....mas, que agora as transtorna e baralha, deixando-as confusas no meio de tantos problemas, vendendo-lhes a "ilusão | pura ilusão" de que caminhamos para novos e melhores tempos que trarão mais felicidade, igualdade, liberdade. MAS, continuará a substituir pessoas por máquinas que roubam os empregos, a independência, a estabilidade emocional, a dignidade, aumentando a ganância e os já exagerados lucros dos patrões e das empresas, numa voragem sem limites e sem qualquer sentido. PURA ILUSÃO | PURO ENGANO. Claro que este meu desabafo, cheio de raiva e dor, se aplica apenas aos patrões, gestores e empresas...a quem tem de se aplicar... só a esses. Para todos os outros, os bons, os sensíveis, os que teimam e muito bem, em preservar valores importantes de respeito e dignidade, aqui deixo a minha admiração e agradecimento pela sua postura e sensatez. Quero terminar a minha opinião, livre, a este lamentável e triste caso, apenas referenciando um, pequeno | grande pormenor, que não vi nesta notícia que abre, hoje, esta minha OPINIÃO 8......A inocente criança de 4 aninhos que ontem caiu do 7º andar e "partiu para sempre", estava vestida com um fato do Homem Aranha e tinha na cabecita o adequado capacete dessa figura "irreal" adorada pela criançada. Foi assim que a foram encontrar, depois de um voo de 7 andares até à morte. Será que na inocência da sua tenra idade, alguém sensato, com lucidez, disponibilidade, paciência, responsabilidade e tempo (fundamentalmente, disponibilidade, paciência, responsabilidade e tempo) ...lhe disse | lhe explicou, com palavras e paciência próprias para a sua idade inocente, que o HOMEM ARANHA não existe na realidade e não voa?...tal como os heróis de "pés de barro" que matam, esfaqueiam, usam metralhadoras e gostam de sangue...e quanto mais sangue mais pontos para ganhar o jogo. É que tudo isso, impróprio para muitas idades, inundam o dia a dia (por vezes muito desacompanhado), os jogos e o imaginário de crianças inocentes, colocado livremente | sem qualquer explicação prévia (talvez fosse uma atenuante????, embora para certas idades seja completamente reprovável pedagogicamente) por "pais modernos" que assim, errada e irresponsavelmente, encontram tempo e forma de os distrair, no tempo que não têm | ou não querem dedicar-lhes.

 

Mesmo com todos os problemas modernos que a sociedade nos coloca, transtorna, tira a paciência, tira o sono e altera os nossos comportamentos que nunca podemos prever, deixo este assunto para vossa reflexão.

Para ti, criança de 4 aninhos de quem nem sei o nome, aqui fica um enorme beijinho e que estejas em PAZ.

Para os pais, família e amigos do peito que também não conheço, mas que certamente vão sofrer esta enorme dor, deixo a minha solidariedade neste momento triste.

Para os "outros pais" que, mesmo mergulhados em problemas, a correr de um lado para o outro de emprego em emprego, de "biscate em biscate" para ganharem a sua vida, pensam de modo diferente e ainda encontram o tempo suficiente para garantir aos seus filhos uma festa, um beijo calmo de ternura, uma palavra e um sorriso com carinho...deixo todo o meu agradecimento e respeito. Assim, estão a dar o seu contributo para que o futuro seja melhor | ou possa ser melhor! 

 

 Carlos Manuel

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Quinta-feira, 1 de Dezembro de 2011

CAMINHOS PREOCUPANTES | OPINIÃO 7

 

 

Há alguns anos que mantenho num programa de rádio, uma crónica semanal a que chamo "CRÓNICAS DE QUEM ANDA POR AÍ", espaço de opinião em que vou falando com as pessoas e dando conta das minhas interrogações, aplausos, ou mesmo críticas frontais e fundamentadas sobre o dia a dia da nossa sociedade. Faço-o, usando o meu direito cívico de ser livre, ter opinião e manifestá-la com respeito por toda a gente, nos valores e nas diferenças. Apenas peço em troca que, também me respeitem. É só o que peço!

Hoje, por mero acaso, fui encontrar uma crónica que escrevi e gravei nesse peograma em 29 de Maio de 2004. Parece-me perfeitamente actual e, exactamente por isso, não resisto à tentação de a trazer para este blog. Claro que é a minha opinião, manifestada já há mais de 7 anos. Infelizmente, parece que o meu pensamento da altura, não andava muito longe da realidade.

Espero que me respeitem HOJE, como eu respeitei toda a gente, NA ALTURA, quando decidi escrever e falar sobre este assunto.

 

 

MAIO DE 2004

(emissão de programa de rádio do dia 29 de Maio)

A imprensa desta semana trouxe à opinião pública vários artigos sobre o estado de desalento e descrença em que, de um modo geral, se encontram os portugueses face à situação que se vive no país. A economia não dá, aos bolsos de muitos de nós, a ideia de estar a evoluir positivamente e, de um modo geral, as pessoas confrontam-se no dia a dia com situações complicadas, algumas mesmo de claro desespero. Começa a ser dificil ser honesto e cumpridor.

Claro está que me refiro às pessoas de menores recursos e a um importante estrato  da classe média.

Os outros….os que vivem acima da média….acredito que nem sintam esta situação e continuam a julgar que tudo está bem e no bom caminho.

Já uma vez aqui me referi a este assunto mas, julgo importante voltar a ele desenvolvendo outras ideias e reflectindo um pouco sobre a crise de desconfiança que se instalou e que teve, esta semana, muito espaço nos jornais. Cheguei mesmo a ver um programa de televisão que lhe dedicou toda uma emissão, ouvindo a genuína opinião pública.

Não contesto que a situação do mundo está má. Também não contesto que a situação particular do país (fruto de eventuais politicas incorrectas)….ainda está pior. Aliás….eu não contesto nada! Apenas chamo a atenção para as razões que assistem aos pacatos cidadãos e que os faz estarem tristes, descrentes e sem capacidade de autoestima.

Num país à beira mar plantado, de clima ameno e gente boa, há pessoas que já não ganham para se alimentar convenientemente, para educar os filhos, para prestarem apoio aos pais que já são idosos (há gente importante e com poder de decisão que se esquece deste fenómeno que cresce assustadoramente a cada dia. Lembrem-se disso!). As pessoas sabem que este país cuja bandeira  os enche de orgulho, é capaz de grandes feitos, é capaz de produzir grandes acontecimentos e de dar exemplos ao próprio mundo, com a sua abnegação, disponibilidade, originalidade e entrega. Quando é preciso fazer, arregaçam-se  as mangas, inventam-se soluções, fazem-se das tripas coração….mas, o nome de Portugal sai sempre bem visto e respeitado. Tudo isso, porque há um povo digno, sério, empreendedor, corajoso e esforçado que, pode reclamar, gritar, dizer que não faz, mas na devida altura….lá está …..e cumpre. Sempre foi assim.

Pois é esse mesmo povo que, agora cansado de promessas não cumpridas, cansado de exigências a troco de quase nada, não acredita nas instituições, nos políticos e manifesta publicamente  a sua tristeza e o seu desalento, face a um futuro que não sente venha a ser
tranquilo e promissor, como esperava e merece.

Não sei porque motivo esta semana, toda a gente se lembrou  de escrever sobre este assunto. Não sei mesmo se os resultados francamente negativos de opinião pública que vi publicados na imprensa….são , ou não, importantes. Não sei até, se a economia do país está, ou não, a portar-se bem…..e a ultrapassar a crise. Por mim, há muito  que deixei de dar grande importância a essas sondagens e às opiniões dos economistas e comentadores que nos entram pela casa dentro, inundando-nos com números, estatisticas  e comparações que, muitos de nós não percebem. Julgo que estamos a viver momentos de pura ficção, longe da realidade, ausência de valores que deviam ser respeitados e, até, julgo que um dia destes vamos pagar tudo isto muito caro. Mas claro está, nessa altura, os ricos continuarão a ser ricos e a assobiar para o lado e os outros, os sérios, os honestos, esses é que irão viver as "passinhas do Algarve", como se diz na terra onde nasci.

Mas, o que eu sei…..é que, as pessoas andam tristes, consomem o seu tempo a sobreviver, não acreditam no futuro, fazem um enorme esforço para manter viva a regra de respeitar os seus compromissos para com os outros e por vezes (muitas vezes) não o conseguem.

O que eu sei ainda é que esta sociedade de consumo e globalizada não deixa as pessoas fazerem o que gostam e estão habilitadas, porque a concorrência é feroz, sem regras, uma autêntica selva. Temos advogados a prestar serviços de telefonista e eventualmente
telefonistas a prestarem serviços de limpeza. Temos professores a trabalhar na restauração e gente com essa formação, no desemprego. Trabalhar é sempre uma atitude de dignidade, mas há qualquer coisa que não está bem e não vai pelo melhor caminho.Temos serviços de saúde que não prestam para nada…..e que marcam consultas de urgência para daí a 3 meses, num claro desrespeito pelo ser humano. Temos a gasolina mais cara….ou das mais caras do mundo, a água, a electricidade, os transportes, o escandaloso preço da habitação, enfim, um rol de coisas que não nos dignificam e que contrastam com o exagerado número de estádios de futebol novinhos em folha, mas que depois ou me engano muito, não servem para nada, porque nem haverá condições para garantir a sua manutenção. Espero, desejo, estar enganado. Sinceramente! Somos os melhores do mundo, mas geralmente pelas piores razões.

Tudo isto naturalmente comparando com os outros países com que nos querem comparar, embora eu também acredite que o mal não é só nosso. Acho que a própria Europa onde estamos inseridos, e muito bem, não está a ir por bons caminhos, não está a mostrar a solidariedade que era preciso (a tal solidariedade europeia) e mais tarde ou mais cedo, vai mergulhar numa crise muito profunda, cada um a puchar para seu lado e a dizer que não tem nada a ver com o problema dos outros. Espero estar errado nesta minha análise e desejo, com toda a força, ter razões para pedir desculpa por esta onda de pessimismo que, sinceramente, me invade também, neste momento. Sinto que a velha Europa está frágil. Esta abertura, esta ausência de fronteiras físicas, em minha opinião não vai resultar muito bem e provavelmente no futuro, vai trazer-nos alguns problemas. Enquanto, por cá, gente importante, foge às suas responsabilidades, não cumpre as suas obrigações e naturalmente tudo fica impune, julgo mesmo que este estado social irá piorar. È talvez por isso que a grande maioria dos portugueses está triste, não tem autoestima …..e não acredita no futuro. Vibra quando escuta o hino nacional, chora guando algum de nós faz subir a bandeira verde rubra em qualquer palco do mundo, mas, apetecia-lhe emigrar….ir para outro lado qualquer onde pudesse ouvir o fado, vibrar com o Benfica, o Sporting, o Porto, comer uma boa sardinha assada, mas, ser respeitado na sua dignidade, construir tranquilamente o futuro, seu e dos seus, mas ser feliz, viver em paz, não ter medo do dia de amanhã e das surpresas que pode trazer, respeitando as leis justas e iguais para todos. Sem medo que alguém viesse, agora, ao fim de tantos anos retirar-lhe direitos e garantias de toda uma vida……como infelizmente aqui acontece.

Eu também estou triste……

 

Tenham
um bom fim de semana.

 

publicado por director às 12:28
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Quinta-feira, 12 de Agosto de 2010

PREOCUPANTE | OPINIÃO 6

Estamos a viver tempos dificeis! tempos de incerteza, de muita precariedade e de futuro muito incerto, principalmente para a gente mais jovem.

Não há dúvida que a sociedade de hoje evolui rápida, aliás muito rapidamente e nem sempre para melhor. Se é verdade que os novos tempos nos ofereceram maior liberdade de expressão, de comunicação, de contacto uns com os outros, acesso imediato à informação e ao que se passa no mundo. Também não deixa de ser verdade que a utilização dessa liberdade que é posta à nossa disposição, nem sempre é usada da forma mais correcta e sensata (para não dizer em exagerado número de ocasiões, e cada vez mais por exagerado número de pessoas | o que me preocupa).

Estamos, como disse, a viver tempos difíceis, tempos de muitas interrogações, enormes incertezas, tremendos equívocos e "derrocada social de valores". Em cada edição de um telejornal, ou em cada página de jornal somos infelizmente confrontados com notícias, pseudo-notícias, comentários, opiniões...que nos deixam a pensar e são preocupantes.

Apenas e a propósito do que tive ocasião de ouvir e ler na comunicação social de ontem, retenho 3 três exemplos | apenas 3, sobre os quais quero deixar aqui o que penso, naturalmente na minha qualidade de cidadão livre que respeita toda a gente, que pensa com a sua cabeça, tem os pés bem assentes na terra, e gosta de utilizar estes espaços de opinião que nos são proporcionados pela dinâmica da sociedade actual.

 

1º Exemplo

GERIR BEM COM VALORES SOCIAIS, NÃO É SUBSTITUIR TRABALHADORES POR COMPUTADORES

Ouvi ontem, por acaso, uma interessante entrevista conduzida na SIC por um brilhante, sensato e inteligente jornalista | economista (José Gomes Ferreira) ao presidente da Estradas de Portugal Dr. Almerindo Marques sobre a situação actual e futura daquela instituição, face ao panorama social, económicoe financeiro do país. Claro que, quer o programa "Negócios da Semana", quer o entrevistado e o entrevistador nos proporcionaram um bom momento de televisão | informação, que realmente esclarece e ajuda a compreender as coisas. São pessoas responsáveis, com um discurso fácil e entendível que dá gosto ouvir. Não se agridem, respeitam-se, não falam ao mesmo tempo, o entrevistador é objectivo, calmo, directo (direi mesmo | muito objectivo, muito calmo, muito directo) no que pergunta...e, por seu lado, o entrevistado prudentemente, com calma e de forma pensada e sem pressas, respondeu da forma mais conveniente às questões que lhe foram colocadas.

Na minha posição de cidadão comum, vivendo como a maioria dos outros cidadãos os problemas deste país que anda um pouco desgovernado e a enveredar por caminhos de má gestão das finanças públicas e, em minha opinião, muito desgovernado e a mergulhar numa profunda crise de valores cujo resultado já tem reflexos, mas terá ainda mais graves consequências no futuro incerto das novas gerações, julgo que entendi tudo. Fiz um enorme esforço para compreender as razões que podem justificar, num país como o nosso e num momento particularmente dificil para a enorme maioria dos portugueses, ter uma rede de estradas que vai continuar a crescer e entre autoestradas e outras estradas terá nos próximos anos cerca de 19.000 a 20.000 km, com tudo o que isso significa de endividamento e esforço. Não percebi muito bem...mas, não fiquei com dúvidas que lá para 2015 ou 2016 aparecerá a factura e nessa altura o país terá que a pagar. Se não tivessemos já uma boa rede de estradas e não tivesse já havido uma forte aposta na descentralização, talvez eu ainda viesse a procurar motivos para tentar perceber. Claro que ainda há gritantes casos de isolamento a merecer muita atenção, prioridade absoluta e onde se justifica investimento...mas, na minha modesta opinião já não estamos assim tão mal que não fosse possível um abrandamento que não viesse a ter reflexos no futuro da novas gerações. Mas é isso que vai acontecer! não tenham dúvidas. O país não tem dinheiro. Mas enfim...até esta parte da entrevista eu compreendi tudo e com maiores ou menores dúvidas, tenho de aceitar. Só não compreendo (ou melhor...não compreendi), quando o entrevistador questionou sobre o salário do gestor (cerca de 13.800 € | mês, mais as habituais mordomias que representam quase outro tanto) e numa resposta mais confusa e menos consistente lembrou que gerir uma empresa daquela dimensão deve ter uma retribuição adequada ATÉ PORQUE CUMPRE UM GRANDE PAPEL SOCIAL PARA OS SEUS EMPREGADOS. De facto não percebi mesmo! que me desculpe o Dr. Almerindo. Não sei se os funcionários das Estradas de Portugal ganham bem ou mal (oxalá ganhem o suficiente para terem uma vida confortável, não é preciso exageros...mas, que o façam com dignidade e sem sufocos de carteira na gestão do seu dia a dia e das suas casas de gente normal) ....mas sei, porque ele o disse, que a empresa tinha cerca de 1700 trabalhadores e agora só tem cerca de 1100. Aí já não estou de acordo. Não posso estar de modo nenhum. Como pode um gestor moderno (aqui não contam os 70 anos que o Sr. tem | o que conta para mim é a sua competência), dizer que a empresa ATÉ CUMPRE UM GRANDE PAPEL SOCIAL PARA OS SEUS EMPREGADOS, mas depois mandá-los para casa, tirar-lhes o emprego, substituí-los por mais computadores, nalguns casos até dar origem a algumas depressões ....que, bem sabemos como deixam as pessoas e as famílias. Isso não compreendo, confesso! Para mim é preocupante.

 

 2º Exemplo

OS INCÊNDIOS, OS CRIMINOSOS...E A FACILIDADE COM QUE SÃO POSTOS EM LIBERDADE

Ouvi também ontem e a propósito da recente onda de incêndios, que segundo os bombeiros (que são incansáveis no combate e disponibilidade para trazer segurança às populações), a maior parte dos incêndios são provocados por mão humana e interesses  que cada vez são menos disfarçados (não tenho a certeza...mas, quase não tenho dúvidas que também há aqui alguns interesses de pessoas - grandes - que lucram com esta onda de calamidade | mas, para manter sereno e respeitável este tema, não vou entrar por aí nesta opinião).

Claro que todos os dias temos assistido às tristes imagens da desolação, da incapacidade das populações face à perda dos seus haveres e base de sustento, à morte de animais e à morte de gente inocente e voluntariosa que se empenha "sem outros interesses que não ultrapassam a vontade humana de ser úteis aos seus semelhantes".

Ouvi ontem que este ano, já foram apanhados e mandados às autoridades pela PJ 10 pessoas apanhadas em flagrante, das quais 5 saíram em liberdade condicional e que a maior parte delas, já constava nos registos das autoridades como reincidentes.....Pasmo, como isto é possível!.

Ouvi também, uma das pessoas que foi apanhada em flagrante, dizer "...que lhe dava prazer dar fogo e ver a floresta a arder..." Pasmo também!

É preocupante a passividade das autoridades, a "conversa balofa", "o aparecer sistemático nos média" do Sr. Ministro (a quem tenho que respeitar mas que me custa a compreender, porque não faz muito sentido grande parte do que diz. Julgo que não deveria aparecer tanto). As pessoas que sofrem na pele e no seu bem estar físico e emocional os inconvenientes desta calamidade, estão-se "nas tintas" para as estatísticas e para as afirmações de grandes êxitos no combate aos incêndios em relação ao ano tal ou tal, ou o aparecimento do Sr. Ministro à hora nobre dos telejornais - desculpem a linguagem menos própria e o calão. As pessoas precisam é de segurança, precisam que as medidas de antecipação que podem ajudar a evitar estas dramáticas situações, sejam tomadas a tempo e horas. A população está farta de teoria e de tanto palavreado politico que não conduz a nada.  Precisam de ajuda e imediata e precisam de um país onde as coisas funcionem para seu bem e para sua protecção. Precisam de menos discursos e de mais acção. Precisam de menos conversa em que nos comparam com estatisticas de outros países cuja realidade e cultura são bem diferentes das nossas. As pessoas precisam é que o Exército que aparece agora por lá a mostrar os galões, não faça apenas vigilância dando uns passeios de jeep...mas, precisa que vão lá ajudar a apagar e a combater os incêndios.

Estamos a viver uma crise de valores enorme e quem paga é sempre o mesmo...o povo, que cada vez é mais prejudicado e "espremido" no pouco sumo e dinheiro que já tem para dar.

Estamos a viver uma época em que se produzem muitas leis...mas, depois não são cumpridas, até porque não há meios para as fazer cumprir e acho até, que há gente interessada em que as leis não sejam cumpridas.

Não é admissível que pessoas referenciadas pelas autoridades, sejam postas em liberdade sem que nada lhe aconteça. É preocupante e ainda se ficam a rir dos verdadeiros prejudicados em toda esta tragédia de enorme dimensão e consequências. Se as leis não prestam...façam outras, mas apliquem-nas, mas não mandem em liberdade no dia seguinte potenciais criminosos. Estão a brincar com um povo que é digno, trabalhador e honrado e até estão a "brincar" com as próprias autoridades que os prendem...e a seguir, os observam em liberdade como se nada tivessem feito!

Tudo isto é muito preocupante e oferece a imagem negativa de um país sem rumo, um país de 5º ou 6º mundo....um país de ficção e a brincar.

 

 3º Exemplo

OS LUCROS DOS BANCOS E A POPULAÇÃO QUE QUER CUMPRIR

Ouvi ontem também uma desenvolvida reportagem aos fabulosos lucros da banca e de algumas empresas de referência no tecido empresarial português. Se, como cidadão cumpridor tenho esse direito, devo escrever que fiquei chocado com tantos milhões. Numa época de crise (a que vem de fora e principalmente a que é só nossa | não foi importada e a maior parte da população não tem culpa dela, nem para ela deu qualquer contribuição), é um autêntico atentado à seriedade e ao esforço para ser honesto e cumprir com as suas obrigações de qualquer cidadão português de salário modesto, chefe de família e respeitador das obrigações que contrai. Claro que não me refiro aos que fizeram mal as contas quanto à sua capacidade real de serem cumpridores e ainda a todos os que fazem vida de 1000, quando não têm capacidade para suportar nem 500. Refiro-me aos outros, a todos os outros que são gente séria e trabalhadora, que não pode ter qualquer fuga aos impostos e que fizeram as suas continhas muito bem feitas, quase ao cêntimo, para oferecerem a si e à família uma vida mais digna, uma casa que fosse sua, um carro, ou um curso ao filho como ferramenta para um futuro mais seguro. Esses sim...fizeram as contas bem feitas, contabilizaram os juros (altos) do empréstimo que fizeram para dar sustentabilidade a estes projectos de valorização humana e digna. Quem os pode condenar por querer ter uma vida melhor, baseada na projecção dos seus rendimentos, do salário que era estável e depositado a tempo e horas há anos e anos, ou na própria estabilidade e seriedade da empresa e do emprego de uma vida? Ninguém que seja sério os poderá condenar. Ninguém que seja sério e cumpridor, não terá por certo a "ousadia" de sonhar | imaginar para si e para os seus, uma vida melhor, com melhor qualidade para puder usufruir de maior paz de espírito e conforto. Tem é que fazer as continhas muito bem feitas e em "consciência" ter a certeza que o pode fazer e assumir responsabilidades. E é isso que não consigo entender....como pode uma pessoa séria, um cidadão honesto de toda uma vida, que teve anos, décadas a fio um emprego estável, que recebeu a tempo e horas o seu salário, que sempre respeitou a sua empresa e os seus patrões....ser, agora, prejudicado por erros que não cometeu? Como pode esta sociedade "selvática" e sem escrúpulos penalizar de forma imoral e "assustadora", pessoas de bem e compará-las com outros cidadãos....esses sim, que sempre viveram uma vida de incertezas, de fraudes, de ausência de valores  e de "artimanhas" para prejudicar o próximo? Como podemos acreditar na justiça? Onde está a justiça?

publicado por director às 08:42
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Domingo, 4 de Julho de 2010

A SOCIEDADE, SEM VALORES, QUE ESTAMOS A CONSTRUIR | OPINIÃO 5

Neste espaço de liberdade em que respeito e gostava muito que também tivessem a gentileza de me respeitar, mesmo que não estejam de acordo com a minha maneira de pensar e ser cidadão deste país |PORTUGAL, deixo uma carta de mãe para mãe.....apenas para que possam, tranquilamente e no silêncio das vossas consciências pensar um pouco sobre esta sociedade sem valores que estamos a construir.

Sou contra as injustiças, sou a favor da dignidade para todos. Sou também a favor da liberdade de imprensa e da cobertura influente dos temas e dos aspectos do nosso dia a dia que maltratam as pessoas, que lhes fazem mal (sem necessidade). Sou contra a insensibilidade e a leveza com que, por vezes, certos assuntos são tratados de forma até leviana.

Tenho opinião e quero continuar a ser livre para poder aplaudir o que está bem...e, criticar com muita força o que não está bem|o que está mal, é insensível e nos faz MAL.

Sou a favor da denúncia ...mas, da denúncia fundamentada, da denúncia que não é "selvagem e não chama nomes"  verdadeira, depois de investigada para lhe dar a "garantia de credibilidade"

Sou a favor de uma sociedade com valores.

 

Carlos Manuel

 

 

 

 

 

De mãe para mãe...

Cara Senhora, vi o seu enérgico protesto diante das câmaras de televisão contra a transferência do seu filho, presidiário, das dependências da prisão de Custóias para outra dependência prisional em Lisboa.
Vi-a a queixar-se da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que vai passar a ter para o visitar, bem como de outros inconvenientes decorrentes dessa mesma transferência.
Vi também toda a cobertura que os jornalistas e repórteres deram a este facto, assim como vi que não só você, mas também outras mães na mesma situação, contam com o apoio de Comissões, Órgãos e Entidades de Defesa de Direitos Humanos, etc...
 
 
Eu também sou mãe e posso compreender o seu protesto. Quero com ele fazer coro, porque, como verá, também é enorme a distância que me separa do meu filho.
A trabalhar e a ganhar pouco, tenho as mesmas dificuldades e despesas para o visitar.
Com muito sacrifício, só o posso fazer aos domingos porque trabalho (inclusivé aos sábados) para auxiliar no sustento e educação do resto da família.
 
 
Se você ainda não percebeu, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou cruelmente num assalto a uma bomba de combustível, onde ele, meu filho, trabalhava durante a noite para pagar os estudos e ajudar a família. 
 
No próximo domingo, enquando você estiver a abraçar e beijar o seu filho, eu estarei a visitar o meu e a depositar algumas flores na sua humilde campa, num cemitério dos arredores... 
 
Ah! Já me ia esquecia: Pode ficar tranquila, que o Estado se encarregará de tirar parte do meu magro salário para custear o sustento do seu filho e, de novo, o colchão que ele queimou, pela segunda vez, na cadeia onde se encontrava a cumprir pena, por ser um criminoso.
No cemitério, ou na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante dessas "Entidades" que tanto a confortam, para me dar uma só palavra de conforto ou indicar-me quais "os meus direitos".
 
 
Para terminar, ainda como mãe, peço por favor:
Façam circular este manifesto! Talvez se consiga acabar com esta (falta de vergonha) inversão de valores que assola Portugal e não só...

 

Direitos humanos só deveriam ser para "humanos direitos" !!! 


publicado por director às 07:26
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Sábado, 10 de Outubro de 2009

FESTIVAIS DE CINEMA E APOIOS | OPINIÃO 4

Em Portugal há muitos festivais de cinema, dizem os entendidos. Há festivais por todo o lado. Curiosamente não penso assim! Julgo, sinceramente, que o país sendo pequeno tem dimensão mais do que suficiente para poder realizar manifestacões de divulgacão de cinema onde quiser, desde que tenha público, apoios e qualidade.

O que vou escrever de seguida, é naturalmente a minha opinião, usando o meu direito cívico de a ter e de a usar respeitando toda a gente, para que eu também seja respeitado. É apenas isso que pretendo...Existe um espaço onde posso escrever livremente as minhas opiniões sobre o que entender, mesmo que sobre um ou outro assunto (ou até, sobre todos os assuntos), possamos ter opiniões muito diferentes.

Então vamos lá ao que interessa!

Dizia eu....que o país sendo pequeno tem dimensão mais do que suficiente para poder realizar manifestacões de divulgacão de cinema onde quiser, desde que tenha público, apoios e qualidade....Pois é exactamente isso que defendo e vou explicar porquê.

Espero que me compreendam e me respeitem no meu direito de publicar, dar a conhecer, aquilo que penso sobre este país e sobre o que está bem...menos bem...podia estar melhor, ou até está mal e por vezes, muito mal. Tenho em consideração que as pessoas podem e é natural que não tenham a mesma opinião, mas as opiniões são formadas em função das experiências que vamos vivendo ao longo da vida...e, por isso mesmo...nem todos pensamos da mesma maneira. Mas, temos todos a obrigação cívica de nos respeitar. É isso que eu faço no meu dia a dia...e gostava, mas gostava sinceramente, que as pessoas fizessem o mesmo. Haveria muito mais respeito, as pessoas não teriam medo de dar opinião, seríamos muito mais humildes, respeitaríamos sempre as diferenças...o que, só nos ficava bem e faria muito bem à nossa cabecita e à estabilidade necessária para enfrentar os problemas do dia a dia.

Um festival de cinema é uma festa que deve ser entendida como espaço para que possamos ter acesso a outras formas de encarar a sociedade, os problemas, as diferentes realidades que se vivem por esse mundo fora. Como não temos, ou melhor dizendo, como nem todos temos meios suficientes para correr o mundo e estar em contacto com as diferentes realidades culturais e sociais que nele se vivem e praticam, a película de 35 mm, 16 mm, o video nas suas mais recentes opções de formato, ou o DVD, permitem que esta aldeia global que habitamos e cada vez parece estar com mais problemas e seriamente desarrumada, nos traga sob a forma de filmes|histórias contadas|documentários...um pouco dessa realidade. Faz-nos bem à cabeça, enriquece-nos culturalmente, ajuda-nos a saber mais, conhecer mais e estar preparados para não fazermos figura de ignorantes quando, por qualquer motivo, somos chamados a ouvir ou dar opinião sobre esses assuntos e essas realidades. Já que nem todos temos hipótese de ir lá, de estar o tempo suficiente para viver essa experiência tranquilamente para ver que tudo "não são rosas" e também há os "espinhos", ou que aquela praia tão bonita onde estamos e nos sentimos bem porque o nosso espírito está tranquilo, foi trabalhado para isso....mas, aquela praia se repararmos bem, até tem lá no meio um esgoto que vem conspurcar as areias e as águas. Temos que ser críticos, mas devemos fazê-lo com calma e sabendo exactamente o que estamos a dizer. Não é preciso mentir, fugir à realidade, ou encontrar palavras bonitas para "embrulhar" com papel de seda, aquilo que nem papel deve ter. Não sei se percebem bem o que quero dizer! Sou adepto incondicional da frontalidade, da liberdade de expressão, de denunciar o que não está bem...mas, sem ser para crucificar ninguém...mas, para contribuir de forma educada  para melhorar as coisas (quando isso é possível | porque às vezes, a arrogância, a falta de sensatez e a forma como somos tratados e enganados...também não nos deixa espaço de manobra para ser educados nem calmos | desabafamos, respondemos como qualquer ser humano, porque não somos feitos de cera).

Os festivais de cinema, de video, de DVD...seja do que fôr, fazem muita falta para nos colocar em contacto com o mundo, com as pessoas, com as diferentes realidades.

Um festival de Cinema é um espaço de cultura e de opinião livres, onde se dá oportunidade a uma troca de experiências sem fronteiras e que nos colocam em contacto com o mundo...conhecendo-o melhor. Não entendo porque haverá uns festivais com exagerado apoio e outros, sem nenhum e quase condenados ao fracasso e ao desaparecimento. Será que não há possibilidade de haver uma repartição de apoios mais justa, tendo em atenção a descentralização do país, as naturais espetativas do público consumidor e as infraestruturas físicas que umas zonas têm e outras não têm.

Por este andar, com este tipo de politicas de cultura na área do audiovisual e com a desigualdade de tratamento que vai proliferando | uns com tudo e mais do que precisam e outros, sem nada ou quase nada, o futuro está naturalmente comprometido e o país vai sofrer e degradar-se. Mais tarde ou mais cedo, até os grandes festivais | os ricos de hoje que não respeitam os mais pequenos, estarão condenados à  vivência de dificuldades e depois, também à insolvência. Não tenho a menor dúvida.

Um país é também rico, pela cultura que proporciona aos seus cidadãos. O audiovisual, a livre expressão de ideias e liberdade transmitidas por imagem e som, são o futuro. Um país que não aposte na cultura de forma adequada e descentralizada, estará a decrescer, a não ser competitivo, a caminhar para o abismo e para a  ausência de independência face a outros | será, no futuro, um boneco mandado. Não quero que estejam de acordo comigo, mas quero que me respeitem no que penso e na liberdade que tenho de utilizar livremente estes espaços de opinião para o escrever, sem faltar ao respeito a ninguém | isso não tenho o direito de fazer!

 

Carlos Manuel

 

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Quinta-feira, 23 de Julho de 2009

PRECISA-SE MATÉRIA PRIMA PARA CONSTRUIR UM PAÍS | OPINIÃO 3

PRECISA-SE MATÉRIA PRIMA

PARA CONSTRUIR UM PAÍS| OPINIÃO 3

por Eduardo Prado Coelho in "Publico"

 
Deixo-vos um novo texto que considero muito importante e reflete a opinião de um considerado pensador da sociedade portuguesa, infelizmente já desaparecido, que nos habituámos a ler e respeitar. Eduardo Prado Coelho deixou muitos e bons trabalhos de reflexão sobre os portugueses, com os quais me identifico.

Na minha “navegação” quase diária e atenta num mar inesgotável de escrita que nos oferece ideias, opiniões, comentários ou simples tomadas de posição sobre temas que interessam a todos, quero hoje “ampliar” o sentido deste texto, para que possa ser mais abrangente e ainda mais lido. Não é, como por certo já perceberam, de minha autoria. Curvo-me porém com todo o meu respeito, perante quem o escreveu pela sinceridade e frontalidade com que ordenou estas suas ideias, numa peça sobre “nós, os portugueses” com a qual me identifico totalmente.

 

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco,Durão e Guterres.
Agora dizemos que Sócrates não serve.
E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.
Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão

que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.
O problema está em nós. Nós como povo.
Nós como matéria prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país:
-Onde a falta de pontualidade é um hábito;
-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é ‘muito chato ter que ler’) e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser ‘compradas’, sem se fazer qualquer exame.
-Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
-Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
-Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.
Como ‘matéria prima’ de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa ‘CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA’ congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste.
Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa ?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa ‘outra coisa’ não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados !
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.
Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:
Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso.
É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI
QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.
AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.
E você, o que pensa ?... MEDITE !

 

publicado por director às 17:22
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Sábado, 13 de Junho de 2009

ESTAMOS A PERDER A LIBERDADE...MAS NÃO TENHAM MEDO | OPINIÃO 2

ESTAMOS A PERDER A LIBERDADE

 

No meu "passear" pela net, apareceu-me este texto com o qual me identifico na plenitude das ideias, no modo como se desenvolve a linha de racíocinio e na forma frontal e educada como aborda um tema melindroso nos dias que correm. Não posso, por isso, resistir à tentação de o reproduzir para aumentar a sua abrangência e potenciar a sua leitura a mais gente...para se protegerem de um "virus que avança mais rápido do que se pensa". Reafirmo que o texto que se segue, não é de minha autoria, mas revejo-me inteiramente nele como se tivesse sido eu a escrevê-lo.

 

António Barreto é uma figura cultural e intelectual de referência na Sociedade Portuguesa. Frontal, directo e analísta impar (não manda dizer por ninguém).

Gostaria de ter o seu poder de palavra e análise...mas infelizmente não tenho. Revejo-me contudo nele, na sua personalidade, no que escreve, no que pensa, na forma como nos faz chegar essa mensagem...sem "rodriguinhos". Está tudo lá, é só ler e pensar com a nossa própria cabeça.

Não quero perder a oportunidade de utilizar este espaço que funcionará como ECO de um enorme alerta que nos deixa neste seu importantíssimo texto (pelo menos para mim).

Leiam-no com calma, muita atenção...e pensem com as vossas próprias cabeças. Não custa nada e depois é só ter opinião, mas com sensatez e justiça na análise. Nada de precipitações ou juízos de valor feitos à pressa. Não se revê em nenhuma destas situações que cortam e interferem na sua própria liberdade enquanto ser humano com direitos, deveres e diferenças que obrigatoriamente devem ser respeitados por todos?

 

CARLOS MANUEL

 

SÓCRATES E A LIBERDADE,
por António Barreto in "Publico"
 
EM CONSEQUÊNCIA DA REVOLUÇÃO DE 1974 , criou raízes entre nós a ideia de que qualquer forma de autoridade era fascista. Nem mais, nem menos.
Um professor na escola exigia silêncio e cumprimento dos deveres?
Fascista! Um engenheiro dava instruções precisas aos trabalhadores no estaleiro? Fascista! Um médico determinava procedimentos específicos no bloco operatório? Fascista! Até os pais que exerciam as suas funções educativas em casa eram tratados de fascistas.
Pode parecer caricatura, mas essas tontices tiveram uma vida longa e inspiraram decisões, legislação e comportamentos públicos. Durante anos, sob a designação de diálogo democrático, a hesitação e o adiamento foram sendo cultivados, enquanto a autoridade ia sendo posta em causa. Na escola, muito especialmente, a autoridade do professor foi quase totalmente destruída.  
EM TRAÇO GROSSO, esta moda tinha como princípio a liberdade. Os denunciadores dos 'fascistas' faziam-no por causa da liberdade. Os demolidores da autoridade agiam em nome da liberdade. Sabemos que isso era aparência: muitos condenavam a autoridade dos outros, nunca a sua própria; ou defendiam a sua liberdade, jamais a dos outros. Mas enfim, a liberdade foi o santo e a senha da nova sociedade e das novas culturas. Como é costume com os excessos, toda a gente deixou de prestar atenção aos que, uma vez por outra, apareciam a defender a liberdade ou a denunciar formas abusivas de autoridade. A tal ponto que os candidatos a déspota começaram a sentir que era fácil atentar, aqui e ali, contra a liberdade: a capacidade de reacção da população estava no mais baixo.
POR ISSO SINTO INCÓMODO em vir discutir, em 2008, a questão da liberdade. Mas a verdade é que os últimos tempos têm revelado factos e tendências já mais do que simplesmente preocupantes. As causas desta evolução estão, umas, na vida internacional, outras na Europa, mas a maior parte residem no nosso país. Foram tomadas medidas e decisões que limitam injustificadamente a liberdade dos indivíduos. A expressão de opiniões e de crenças está hoje mais limitada do que há dez anos. A vigilância do Estado sobre os cidadãos é colossal e reforça-se. A acumulação, nas mãos do Estado, de informações sobre as pessoas e a vida privada cresce e organiza-se. O registo e o exame dos telefonemas, da correspondência e da navegação na Internet são legais e ilimitados. Por causa do fisco, do controlo pessoal e das despesas com a saúde, condiciona-se a vida de toda a população e tornam-se obrigatórios padrões de comportamento individual.
O CATÁLOGO É ENORME. De fora, chegam ameaças sem conta e que reduzem efectivamente as liberdades e os direitos dos indivíduos. A Al Qaeda, por exemplo, acaba de condicionar a vida de parte do continente africano, de uma organização europeia, de milhares de desportistas e de centenas de milhares de adeptos. Por causa das regulações do tráfego aéreo, as viagens de avião transformaram-se em rituais de humilhação e desconforto atentatórios da dignidade humana. Da União Europeia chegam, todos os dias, centenas de páginas de novas regulações e directivas que, sob a capa das melhores intenções do mundo, interferem com a vida privada e limitam as liberdades. Também da Europa nos veio esta extraordinária conspiração dos governos com o fim de evitar os referendos nacionais ao novo tratado da União.
MAS NEM É PRECISO IR LÁ FORA. A vida portuguesa oferece exemplos todos os dias. A nova lei de controlo do tráfego telefónico permite escutar e guardar os dados técnicos (origem e destino) de todos os telefonemas durante pelo menos um ano. Os novos modelos de bilhete de identidade e de carta de condução, com acumulação de dados pessoais e registos históricos, são meios intrusivos. A vídeovigilância, sem limites de situações, de espaços e de tempo, é um claro abuso. A repressão e as represálias exercidas sobre funcionários são já publicamente conhecidas e geralmente temidas A politização dos serviços de informação e a sua dependência directa da Presidência do Conselho de Ministros revela as intenções e os apetites do Primeiro-ministro. A interdição de partidos com menos de 5.000 militantes inscritos e a necessidade de os partidos enviarem ao Estado a lista nominal dos seus membros é um acto de prepotência. A pesada mão do governo agiu na Caixa Geral de Depósitos e no Banco Comercial Português com intuitos evidentes de submeter essas empresas e de, através delas, condicionar os capitalistas, obrigando-os a gestos amistosos. A retirada dos nomes dos santos de centenas de escolas (e quem sabe se também, depois, de instituições, cidades e localidades) é um acto ridículo de fundamentalismo intolerante. As interferências do governo nos serviços de rádio e televisão, públicos ou privados, assim como na 'comunicação social' em geral, sucedem-se. A legislação sobre a segurança alimentar e a actuação da ASAE ultrapassaram todos os limites imagináveis da decência e do respeito pelas pessoas. A lei contra o tabaco está destituída de qualquer equilíbrio e reduz a liberdade.
NÃO SEI SE SÓCRATES É FASCISTA. Não me parece, mas,sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu governo. O Primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas TEMOS DE RECONHECER: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação?
Acordo? Só se for medo...
 António Barreto \ Público"
publicado por director às 12:39
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Sexta-feira, 12 de Junho de 2009

O CINEMA E A DESERTIFICAÇÃO CULTURAL NO ALGARVE | OPINIÃO 1

Numa sociedade em rápida e desordeira modificação, não é fácil falar ou escrever sobre este tema...mas, a verdade é que ele é cada vez mais importante e devemos reflectir ponderadamente. Claro está que parto do princípio que quem dedicar algum do seu tempo a ler-me, é pessoa sensata, não considera esta minha opinião como totalmente abrangente a todo o Algarve (há naturalmente algumas excepções..poucas aliás)...e, naturalmente fará o esforço (fácil aliás), para tentar compreender o que realmente pretendo dizer, sem deturpar ou alterar o sentido das minhas palavras ou das ideias que aqui deixo, no exercício da minha liberdade de pensar e ter opinião. Claro, ainda, que não estou à espera que todas as pessoas estejam de acordo comigo. Isso é salutar quando é assumido com frontalidade, educação e respeito.

O nosso dia a dia (o nosso,... o dos mais velhos | experientes | ou idosos como nos quiserem considerar e também o dia a dia dos nossos filhos pequenos ou grandes,  e netos)...está, cada vez  mais cheio, desorganizado, dificil de controlar e repleto de interrogações para as quais não encontramos resposta em tempo útil. Tudo é vivido a correr, ...num stress enorme,... sem tempo para nada, ...para escolher o que nos interessa mais e será mais útil,... para fechar os olhos e relaxar uns instantes quando chegamos a casa vindos do emprego e antes de ir buscar o filho ao infantário, ou preparar à pressa os primeiros ingredientes para o jantar.

São capazes, neste momento, de me perguntar mas o que é que tudo isto tem a ver com cinema, com o Algarve e a desertificação cultural? Têm toda a razão, mas já vão perceber melhor, espero eu, a minha linha de racíocinio.

Hoje tudo é vivido a correr, de um lado para o outro. Hoje, tudo é para ontem e não para hoje (sabem o que quero dizer?)...mas acontece que HOJE o audiovisual (o video e o cinema) nunca tiveram tanta importância na formação de toda a gente. Aprende-se vendo videos, as instruções chegam-nos em CDs, a formação profissional está cada vez mais a perder a presença física dos intervenientes e a ser substituída pela net, pelas videoconferências e pela sua enorme panoplia de valências. Nas próprias Universidades há já professores que nem vão lá e dão as suas aulas usando a videoconferência, o skype,... sem estarem presentes. Oferecem com a imagem e o som, por vezes distorcido, a sua figura e estatuto intelectual como resposta pronta e eficaz para a dúvida que inesperadamente aparece. São os novos tempos com a sua enorme força. Claro está que tenho uma mente aberta, que não estou contra a evolução da técnica e dos enormes avanços que a ciência tem colocado à nossa disposição....mas...no meu dia a dia e com esta evolução toda ainda coloco muitas interrogações e preferia ir um pouco mais devagarinho. Mas, quem sou eu para pensar que tenho razão?

 E as pessoas não precisam de conversar, de se conhecer, de perguntar...de jantar ou almoçar sem que no fundo haja, quase sempre, o sensacionalismo e desgraça das informações de um Telejornal qualquer, feito por vezes sem a investigação adequada da notícia, apenas porque é preciso dá-la antes do outro canal (muitas das vezes o que se ouviu, alguns minutos depois já não foi assim e é desmentido)? Será que as pessoas não precisam de tempo para que seja possível ter uma conversa com princípio, meio e fim, com calma e acima de tudo paciência para delicadamente nos sabermos escutar uns aos outros, respeitando as diferenças de opinião? Será que as pessoas não precisam de tempo ainda para (sem impôr), ajudar a corrigir os desvios comportamentais que a sociedade actual - a tal sociedade competitiva, violenta mas muito pouco pedagógica - está a "construir" por todo o lado? 

Mas...e o cinema, onde está ele? continuarão a perguntar.

 

A indústria do cinema evoluiu de tal forma que hoje são construídos complexos com 12, 15, 20 salas com horários sobrecarregados de sessões contínuas, muitas vezes para meia dúzia de espectadores ou até, para que não haja sessão porque não há espectadores. Será que esse é o melhor caminho? ainda por cima quando a evolução dos temas trazidos ao cinema é tão importante que nos ajuda cívica e culturalmente a encarar e preparar para uma integração inevitável nesta sociedade da globalização?

Não fechemos os olhos nem acreditemos no Pai Natal (com muita pena minha, pois acho que sonhar nos faz falta e se traduz numa mente mais sã | muitos dos heróis dos miúdos, hoje, são violentos e retiram-lhes com as suas aventuras que eles seguem atentamente, a calma e paz que ajuda a construir uma personalidade saudável)!

Os dias que vivemos hoje, os passos que estamos a dar para um suposto  e melhor futuro ???, o modelo de vida que estamos a construir e é responsável por um elevado número de AVCs, intolerância, violência sem fundamento, precariedade, falta de emprego, depressões, incumprimentos, desagregação da célula familiar, do diálogo aberto entre pais, filhos, amigos, da vida e linguagem sem sustentabilidade.....tudo isso se vai manter e lamento, mas penso que se vai agravar. Estamos a viver uma enorme crise de valores.

 

Ao longo dos anos e muito particularmente  nos últimos tempos, o cinema tem oferecido filmes que tratam de forma exemplar todos esses temas que nos preocupam. São alertas que pedagogicamente podem ajudar-nos muito, a ordenar as nossas ideias, os nossos modelos de vida, a despertar para situações que têm muito a ver connosco...mas, ainda não nos tinhamos apercebido, ou não quisemos.  

A indústria do cinema, geralmente trata por antecipação os grandes temas que vão orientar os caminhos da sociedade. Mas, paralelamente, também produz muita coisa má, geradora de adrenalina fácil (a adrenalina, segundo os especialistas, pode fazer bem em determinadas situações | mas geralmente quando em excesso e fora de controlo causa geralmente efeitos terríveis e devastadores). A sociedade actual foi preparada para receber com facilidade a mensagem do marketing agressivo que oferece o filme violento e gerador de emoção fácil e por vezes até perversa. Esse, gera receita, faz espectadores e inconscientemente ajuda a criar espíritos mais violentos, menos tolerantes, menos calmos ávidos de barulho e ousadia nas histórias. Claro que os distribuidores precisam fazer receita e quanto mais espectadores mais "pipocas" para completar a receita e justificar a escolha do filme e os números que enchem as suas estatísticas, geralmente com menos pessoas nas salas...mas, mais receita. O outro tipo de cinema, indiscutivelmente muito melhor, mais cultural, atento à realidade do dia a dia, ao relacionamento interpessoal, educador, embora o seja também lúdico...perde naturalmente no confronto com este tipo de marketing. Funciona a lei da oferta e da procura, mesmo com o preço dos bilhetes caro para o nível de vida que temos no país (em minha opinião...claro!). Uma família normal e considero uma família normal: pai, mãe e dois filhos, para irem a uma sessão de cinema tentando colocar um intervalo lúdico na vida tão complexa e sofrida dos dias de hoje, tem de gastar cerca de 20 euros sem contar com outro tipo de despesas que uma ída ao cinema também comporta. É provavelmente insustentável para quem tem ordenados pequenos como uma enorme percentagem de Portugueses....penso eu.

No Algarve, ainda temos diagnosticado um outro pequeno | grande problema.

Por toda a região, os exibidores independentes que vivem, ou sobrevivem com enormes dificuldades e sem apoios de qualquer espécie, vão fechando as suas portas e acabando o negócio tornando a região do sul, um autêntico deserto cultural no que diz respeito à exibição de cinema. Os filmes que são postos à sua disposição para fazer receita e cobrir despesas (alugueres, empregados, rendas, impostos...formato próprio nos bilhetes por causa das bilheteiras electrónicas...sistema informático obrigatório e adequado...etc) primeiro vão aos grandes complexos onde são estreados e só, muito raramente passam nas salas independentes. Quando isso acontece, as despesas são certas...mas, os espectadores já os viram e as receitas geradas, acabam por quase não compensar o investimento. Por isso, o deserto com a quase obrigação de apresentar o que, eventualmente, não seria indicado para aquela sala, para aquele público receptor... e as portas vão fechando porque não têm rentabilidade.

Neste momento, embora se anuncie para Tavira a inauguração de um novo complexo já dotado com a nova tecnologia digital, a verdade é que quem quiser escolher, só pode ir a Portimão, à Guia e a Faro....e fazer muitos e muitos quilometros para lá chegar. Todos os outros, ou fecharam ou estão em vias de o fazer.

Registo com grande admiração os sobreviventes, cujo nome não cito porque, embora sejam poucos (uma mão chega e ainda sobram dedos), posso esquecer-me de algum e acho que não seria justo.

Registo ainda, o enorme esforço e dedicação que é feito por alguns Municípios (Lagoa, Loulé, Portimão) e ainda pela valiosa acção dos CineClubes de Faro, Olhão e Tavira  no serviço desinteressado da divulgação da cultura com o recurso aos bons filmes. O FICA - Festival Internacional de Cinema do Algarve, instituição com quase 40 anos cumpre também um outro papel muito importante pela descentralização que faz anualmente de todas as suas acções de divulgação do bom cinema independente e interessado.

 

Quanto a cinema, o Algarve é de facto um deserto cultural que tem (por enquanto) alguns oásis, apenas em Portimão, Guia, Faro e brevemente em Tavira. Também me interrogo, até quando os terá? Lá por fora já aparece o cinema digital e os apoios de governos | entidades ligadas à cultura, já começam a surgir. Esta evolução da indústria que revolucionará tudo | nada vai ser como dantes, rapidamente chegará até nós. Como vai ser? Quem vai ter apoios? Haverá centralização ou também descentralização para adaptações de tecnologia necessária? Quem tem instalados equipamentos de 35 mm, será que vai ter capacidade financeira para se adaptar? Tudo isto são interrogações que coloco com muito tempo de antecedência. Daqui a uns tempos, estaremos cá, espero eu, para ver como foi a evolução e adaptação no Algarve a toda esta evolução da indústria e do negócio do cinema e a importância que vai ter nas ações culturais de qualidade que incluem e divulgam cinema.

Aos sobreviventes, aos resistentes...toda a minha admiração.

Um bom filme, visto em todo o seu explendor de som e imagem e no conforto de uma boa sala, jamais substituirá uma cópia de um clube de video, por mais sofisticado e caro que seja  o equipamento que o reproduz e com todo o respeito que me merecem os clubes de video e os seus proprietários, que naturalmente também estão a lutar pela vida...nesta sociedade cada vez "menos pensada" para o bem estar e comodidade das pessoas, nesta questão do cinema e acesso a ele.

Claro que é a minha opinião, com todo o respeito por quem não pensa assim.

 

CARLOS MANUEL

 

publicado por director às 18:59
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